Mouzinho 47

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Ano: 2014 - 2018
Localização: rua Mouzinho da Silveira, Porto
Intervenção: Reabilitação e ampliação para habitação e comércio
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A presente memória diz respeito ao projecto de licenciamento para a remodelação e ampliação de um edifício habitação para 4 apartamentos e 1 comércio para uma agência Bancária, com entrada pela Rua Mouzinho da Silveira n.º 47 e 53, em área de recuperação urbana – SRU, classificada, dentro do perímetro do Património Mundial da Humanidade.

 

De acordo com o P.D.M., o prédio encontra-se localizado em “Área Histórica” no Quarteirão Estratégico 13007 – Sousa Viterbo. O edifício situa-se no gaveto da Rua Mouzinho da Silveira com o largo de São Domingos e denomina-se segundo a Unidade de Intervenção de edifício 07, ocupando a integridade do lote.
Apresenta duas frentes com a sua fachada Nobre a Nascente sobre a Rua Mouzinho da Silveira, uma fachada a Norte sobre o Largo de São Domingos.
O edifício dos finais do séc. XIX/princípios do séc. XX encontra-se com as fachadas, paredes de encosto a prédios vizinhos e outra parede estrutural interna, não se divisando qualquer tipo de fendas ou sequer fissuras nestas paredes-mestras como tão pouco selagens ou arqueamentos, mantendo-se perfeitas nos seus planos verticais.
O terreno é ocupado integralmente pela edificação existente e a intervenção que se projeta não irá considerar qualquer rebaixamento do seu piso térreo, salvo o fosso do ascensor que ora se cria.
O uso atual é: No R/Chão – acesso aos andares e agência bancária. Os andares encontram-se devolutos e tinham sido ocupados ao longo dos anos por habitação e escritórios como era usual no centro do Porto.
O prédio encontra-se assim num estado de conservação menos favorável, contudo e com uma intervenção célere poder-se-á ainda preservar alguns dos seus elementos estruturais.

 

Propõe-se a reabilitação total do edifício, considerando para o piso térreo a recuperação da atual loja para aí continuar a Agência Bancária, para servir a comércio, serviços ou restauração, e todos os andares para habitação.
O edifício apresenta boas características para habitação de qualidade, permitindo aí desenvolver uma solução sólida de apartamentos residenciais, que se distancia das minúsculas tipologias francamente implementadas que apenas servem a uma utilização turística.
A pretensão enquadra-se dentro de uma filosofia de restauro do edifício para 4 apartamentos de qualidade, independentes por piso e um comércio.

A fachada será preservada, não alterando cércea ou altura dos telhados, não haverá também nenhuma alteração a nível da implantação ou volumetria. Assim sendo a fachada permanecerá em pedra de granito e reboco, com as suas guardas e ferros forjados restaurados e pintados e as caixilharias repostas em madeira esmaltada, de acordo com o desenho original. Os telhados manterão a sua forma original, assim como a cércea, a altura, os desenhos de beirados e caleiros, introduzindo apenas lanternins pontuais para entrada de luz.
As paredes exteriores serão lavadas e escovadas, não se permitindo o uso de jacto de areia, mas tão-somente de águas sobre pressão com detergentes neutros.
As caixilharias das janelas e portas de varandas serão em madeira, pintada, reproduzindo ao máximo o desenho existente, com tafifes, frisos, etc., sobre vidros duplos.
O gradeamento de varandas e janelas será tratado e pintado com tinta incorporante ferruginosa.
Prevê-se a redefinição do lanternim existente para iluminação da escada principal do edifício, razão pela qual se pretende no ultimo piso constituir uma fracção autónoma, em redor deste que não isole ou prejudique a iluminação e ventilação e exaustão de fumos conferida por este elemento ao espaço de circulação.
Pelo interior será implementado um elevador entre perfis metálicos, que servirá desde o r/c até ao 4º andar, para maior conforto dos futuros moradores. Quanto à estrutura de lajes do prédio, ir-se-á trabalhar com os elementos existentes, preservando sempre que possível as lajes originais.
Pelo meio do tratamento dos barrotes de madeira, ir-se-à preservar a sua estrutura, lançando sobre estes novos soalhos, que ficarão com tectos aparentes e sobre os quais se irá lançar todo o isolamento e rede de pavimentos/apartamentos superiores.

As lajes do 3º e 4º andar serão refeitas em nova estrutura de madeira integral de forma a harmonizar os novos com os antigos métodos construtivos, evitando a sobrecarga das paredes e fundações existentes com o peso do betão. Também o aspecto e capacidades de respirar, trarão benefícios à vivência dos apartamentos.

As carpintarias da caixa de escada serão integralmente preservadas e recuperadas, assim como as portadas de todos os vãos e portais de fachada originais do edifício.
As paredes interiores serão em gesso cartonado cruzado duplo, intercaladas com lá de rocha de 70kg, para que o seu peso não afecte e a estrutura.”

Arquiteto(a): Vasco Morais Soares, Duarte Morais Soares
Equipa MSA: José Almeida, Maria João
Fotografia: Inês d'Orey