A marca de cerâmica Costa Nova veio ocupar uma das lojas do edifício Emporium, sob os bordos prateados da Rua Sá da Bandeira, no Porto. Durante a reabilitação geral do edifício, que terminou meses antes, o espaço ficou inacabado, pois ainda não havia previsão do tipo de ocupação que teria.
Apesar da grande liberdade de design que tivemos, o cliente solicitou expressamente a organização do espaço em três zonas, em correspondência com as três linhas de produtos da marca. E uma dessas áreas teria que ser uma cozinha, onde seria possível receber convidados e cozinhar na loja.
O vazio da loja já era muito bonito, mesmo em tosco, com pé direito alto e a métrica simples de um sistema de grandes pilares e vigas expostas no teto, então sempre tivemos a preocupação de não perder aquela amplitude, aquela escala e geometria que nós gostamos muito. Sabíamos que teríamos que compartimentar de alguma forma para diferenciar as áreas, mas optamos por fazê-lo da forma mais aberta possível, utilizando apenas uma varanda e as escadas que dão acesso a ela.
O espaço foi totalmente projetado, assim como todo o mobiliário, com exceção de uma mesa e algumas cadeiras. Isto permitiu-nos criar um espaço rico e coerente, que faria sentido para nós, mas também para a marca, com um design muito sensível às especificidades dos produtos e à relação que as pessoas têm com eles.
A atmosfera é elegante, mas muito simples. Era importante que o interior da loja também se relacionasse com o edifício em que se encontra. O edifício Emporium foi desenhado no final da década de 1940 pelo arquitecto José Porto, com um carácter modernista de génese art-deco, e queríamos que esse espírito também estivesse presente de alguma forma. A primeira coisa que desenhamos foi a varanda, e uma referência central foi a escadaria da biblioteca da Casa de Serralves, como modelo da elegância refinada da primeira metade do século XIX. XXI.