Edifício Leica

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Ano: 2016 - 2019
Localização: rua Sá da Bandeira, Porto
Intervenção: Reabilitação para habitação e comércio.
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A presente memória diz respeito às alterações decorrentes da evolução e adaptação em obra de um edifício de Comércio e Serviços e Habitação para Loja, Galeria fotográfica, Academia da marca Leica – Aparelhos Ópticos De Precisão, S.A. e ainda 3 habitações a instalar no prédio urbano situado na Rua de Sá da Bandeira n. 52, Porto.

 

De acordo com o P.D.M., o prédio encontra-se localizado em “Área de frente urbana continua consolidada” e situa-se no início da Rua Sá da Bandeira, com enfiamento visual a partir da Praça D. João I, através da Rua do Bom Jardim, ainda contribuindo para riqueza urbana que constituem alguns do melhores edifício no alargamento da Rua Sá da Bandeira com o gaveto com a Rua Sampaio Bruno.

O edifício objeto deste licenciamento apresenta-se com uma fachada particularmente rica e trabalhada, na transição do período Neoclássico para o estilo Arte Nova, já com ligeiros apontamentos “deco” ao nível das serralharias e possui uma fachada de ricos envidraçados de largas dimensões orlados por um desenho de pedra particularmente rico e expressivo, constituindo um exemplo da melhor arquitetura de transição do século XIX para o Século XX.

A sociedade Sochol – investimentos imobiliários SA, de Andreas Kaufmann igualmente o proprietário e maior acionista da Firma Leica irá restaurar integralmente o edifico da Rua Sá da Bandeira n. 48/52, ora presente para licenciamento, para aí instalar o programa dedicado à fotografia e outras vertentes da marca.

Será a primeira loja da marca a abrir na Península ibérica e será igualmente a primeira vez que o acontece fora de uma capital. Isto deve-se naturalmente à proximidade da maior fábrica de produção Leica, situada em Famalicão, mas também pela presente visibilidade do Porto, enquanto destino. Ocasiona-se também, com a abertura da loja, a inauguração de uma grande exposição a realizar num espaço da cidade, para celebrar os 100 anos da Leica.

Pretende-se aqui desenvolver o programa Lusitânia que irá centralizar a venda a retalho do mundo que fale português (Brasil, Angola, Moçambique), mas que pretende também e pela proximidade á fábrica constituir a nível Ibérico um pólo aglutinador de formação em produtos Leica, exposições e visitas à fábrica de Famalicão.

O Rés-chão será naturalmente destinado a “Leica Store”, loja de aparelhos ópticos de precisão e o prolongamento em meia cave na continuidade da loja, destinada a “Foto Galeria” para exposições itinerantes de artistas convidados.

Interligados por escada e um elevador técnico autónomos, à parte dos acessos verticais do edifício, que funcionaram sempre como recurso, a cave e o primeiro piso serão integralmente destinados ao programa Leica onde os seus utilizadores poderão circular sem obstáculos.

O primeiro piso será destinado aos escritórios de vendas do programa “Lusitânia”, e a um espaço destinado a Academia e estúdio fotográfico servidos por sanitário.

A cave albergará uma parte respeitante a sanitário e descanso de pessoal, arrumos, deposito, caixa forte e escritório de apoio à atividade da loja e Galeria e sanitários de público da Leica Store.

Os três pisos superiores desenvolverão 3 apartamentos de habitação qualidade superior, servidos pela escada original do edifico a recuperar em betão e mármore, assim como toda a estrutura do edifício em estrutura colaborante, restaurando o elevador existente com nova maquinaria e implementando novos sistemas de segurança.

Pelo seu exterior as fachadas serão integralmente restauradas, limpando a pedra, restaurando as serralharias e caixilharias em madeira lacadas e ferro equipadas com vidros duplos.

Propõem-se um novo desenho do recuado articulado com o torreão lateral com um beirado em zinco lamelado com trabalho semelhante ao do torreão, harmonizando a ligação entre os dois elementos e criando nova varanda, com alçado recuado sobre forte linha de sombra, atrás da platibanda trabalhada, em recuo na fachada de cantaria, anulando toda a chapa e os caixilhos de alumínio aí existentes.

Um novo telhado em zinco e telha “marselha” será aplicado sobre uma nova estrutura respeitando forma existente. O minarete em zinco, será novamente forrado em zinco na meação a Norte.

A nível da fachada tardoz o saguão será integralmente limpo, as fachadas rebocadas termicamente e as caixilharias substituídas por novas janelas em madeira, alumínio e vidro duplo.

No saguão um novo e grande lanternim rasgará uma abertura, iluminando o espaço central da loja e resolverá por grelha perimetral todo o sistema de ventilação e Avac, que será para efeitos de maquinaria e condutas verticais de Ventilação instalado nos compartimentos dos antigos sanitários do edifico.

Pelo seu interior a cave será reabilitada e a escada de acesso a partir da Galeria será preservada.
Sem qualquer elemento histórico relevante a cave será objeto de intervenção remodelando os materiais de revestimento, prevendo pavimentos em material duro e lavável, substituindo por mármores os sanitários de público.

No Rés-chão, a loja e galeria serão objeto de total restauro, preservando um máximo de elementos existentes, objeto principal na escolha da aquisição deste edifício. Preservando o seu pé direito duplo e todas as molduras em gesso e tetos em fasquio, também os apainelados em mármores serão preservados introduzindo apenas novas pinturas e um novo pavimento de mármore ou pedra para valorização do património existente.

Já o átrio comum do edifico será objeto de restauro integral, dado o seu péssimo estado de conservação. Sobre este far-se-á aproveitar uma galeria existente em entrepiso que permitirá a ligação interna da loja ao primeiro andar, constituindo ai ainda um pequeno escritório que usufruirá do óculo existente na fachada.

A escada principal, que se encontra totalmente apodrecida, será reconstruída com uma base de estrutura metálica e madeira, para oferecer melhores condições de resistência ao fogo. O elevador será igualmente reconstruído, respeitando os moldes históricos prevendo novas medidas compensatórias de segurança.

O primeiro piso será ainda objeto de uma intervenção cuidada, construindo uma nova laje sobre o barrotame existente, para que o teto em fasquio do Rés-chão possa ser integralmente preservado.

Os restantes pisos serão objeto de total remodelação em estrutura metálica e laje colaborante, apoiadas sobre as alvenarias existentes, para que a obra se possa realizar com a qualidade e rapidez a obra pretendida.

Dar-se-á cumprimento aos regulamentos nos pressupostos da reabilitação tanto dos apartamentos, assim como do comércio/serviços, a nível de acessibilidade e enquadramento regulamentar, conferindo ao edifício a melhor qualidade possível, mas pressupondo as isenções, em geral, com base no decreto-lei 53/2014 de 8 de Abril e no artigo n.º 10 do 163/2006 de 8 de Agosto.

A cave, sofreu bastantes alterações, ao nível da sua organização, motivadas pelos imprevistos e natural decurso de obra, auxiliando a clarificar percursos, adaptando o tipo de intervenção e as suas características técnicas a cada espaço.

Nos restantes piso as alterações ao projeto são muito pontuais e insignificantes, a mencionar a substituição de uma escada de caracol metálica para uma escada de tiro com patamar a meio fazendo ângulo de 90°, situada no entrepiso da loja/academia.

No alçado tardoz os vãos exteriores foram redefinidos pelos limites originais dos mesmos, tentado preservar e manter a configuração primitiva do alçado de saguão.

A cobertura sofreu também algumas alterações sem com isso houvesse perceção de leitura nos alçados e volumetria do edifício, como foi o caso da reposição das “Velux”, ficando uma delas como zona de desenfumagem da caixa de escadas, abdicando da ideia da introdução de 2 claraboias de Séc. em ferro e vidro, para esse efeito.

No alçado principal surgiu necessidade de reformular o recuado com uma imagem mais próxima do conjunto edificado existente através da abertura de vãos mais controlados e similares aos já existentes, com a introdução de uma nova estereotomia nas paredes e torreão lateral, revestindo as várias paredes em soletos de zinco à imagem do conjunto edificado envolvente

Arquiteto(a): Duarte Morais Soares
Equipa MSA: Maria João Lopes, Telmo Gomes
Fotografia: Inês d'Orey